segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Recomeçando

Cumprindo a promessa de escrever algo todos os dias, hoje tive pouco de minimalita, o que , por um lado, é bem positivo. Afinal, "pouco" é "muito" bom. Haha.
Hoje acordei cedo e consegui escrever um post para o Lar Montessori. O método? Isolar um objetivo e focar nele, com coragem. Foi um post longo e até um pouquinho trabalhoso, mas já recebi algumas respostas muito positivas.

A partir de amanhã, resolvi retomar algo que fiz há anos e foi maravilhoso para meu corpo e minha alma: diminuir drasticamente o consumo de açúcar. A partir de amanhã, passarei exatamente uma semana sem ingerir doces e nada que contenha açúcar óbvio: sucos, vitaminas, iogurtes, chás ou cafés açucarados. Vou ingerir açúcar como componente da massa de pães, tortas e macarrão, certamente, mas só. Vamos ver o que acontece? Amanhã começo com a série de posts "Açúcar 7", em contagem regressiva!

Até,
Gabriel

domingo, 11 de novembro de 2012

Things going wrong...

   Eu não sei se alguém além de mim está seguindo estes posts, mas se está, deve ter sentido, como eu, que estou ausente há muito tempo. Não gosto disso e poderia culpar o fim do semestre. Mas seria mentira. A verdade é que meus planos minimalistas foram, em parte, por água abaixo.

   Minha mochila está cheia de novo, minha mesa atulhada de livros (isso é culpa do fim do semestre) e eu falhei em comer só frutas nos últimos três finais de semana. Sobrevivi até as 22h ou 23h, mas aí sucumbi a: 1. Pizza no primeiro fim de semana; 2. Batata frita no segundo fim de semana e 3. Macarrão no terceiro fim de semana.

   Hoje é o quarto fim de semana e eu vou daqui a pouco ao Pé no Parque, um restaurante natural, para ver se sobrevivo com algo gostoso feito a base de frutas. Porque só frutas mesmo e um tipo de castanha (que é o que há em casa) não está dando!

   Então, eu estou escrevendo mais para mim que para vocês e me comprometendo a fazer disso um di-á-rio. Pelo menos uma vez por dia quero passar aqui e contar o que de minimalista eu consegui incorporar à vida. Vai ficar um pouco repetitivo, porque o minimalismo também é sobre menos novidades... mas vamos tentar.

   Fica aqui o compromisso e, se em alguns dias nada for minimalista, é isso o que vou dizer! Good luck for all of us! ;)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A parte boa!

   No post anterior eu desabafei. Eu não gosto de fazer isso, mas achei que seria útil para quem estivesse começando a paquerar o minimalismo. Eu gostaria muito que meus professores de tudo o que fiz tivessem dito para mim no começo das aulas as dificuldades que enfrentaram para aprender. Eu não me coloco na posição de professor, mas na posição dos colegas que de fato vieram até mim e contaram as complicações do aprendizado. Eles me ajudaram muito, com dicas, depoimentos, e bastante também com um "É assim mesmo, especialmente no começo, mas fica tranquilo que melhora".

   Quando eu escrevo no Lar Montessori, preciso ser muito cauteloso. Minha opinião lá é relevante para a criação de muitas crianças, e eu me coloco na posição de alguém que estuda um assunto e pelo menos dentro dele sente-se à vontade para dizer como, quando e porquê. Aqui não, aqui é um diário e eu só estou contando experiências. Por isso, o post anterior, apesar de ser um desabafo, pode ser relevante e até inspirador, para aqueles que gostam de desafios. Mas vamos ao que interessa.

A parte boa.

   Eu emagreci. Não perdi barriga, porque apesar de estar andando mais, eu não faço caminhadas decentes. Mas eu emagreci. Estou fisicamente mais leve. Mas mais importante que isso, estou emocionalmente muito mais leve.

   O minimalismo me faz andar mais, sorrir mais, ouvir mais. Me faz perder menos tempo inutilmente e ganhar mais tempo de forma útil. Me faz ter uma mesa muuuuito mais livre, uma mochila mais leve, usar menos casacos e sentir mais o ar na pele, que faz tão bem.

   Há alguns dias, uma amiga disse: "Tem alguma coisa diferente no seu rosto. Parece que você está mais leve, mais limpo... não que antes estivesse sujo...". Não tinha nada, nada diferente. Cabelo com gel, cavanhaque, o resto da barba feita, óculos. Tudo normal. Mas no dia anterior eu tinha feito meditação, e naquela manhã havia feito o Surya Namaskar e meditação de novo. Estava mesmo mais limpo e mais leve, mas foi a primeira vez que isso apareceu na pele.

   Não é sempre perfeito, não é sempre que eu consigo levar as coisas da forma ideal. Mas quando eu consigo, isso aparece no meu sorriso, durante todo o dia. Aparece na minha mesa, na minha mochila, na minha comida, nas caminhadas curtas entre a faculdade e o trabalho. Aparece na minha disposição para trabalhar melhor, na vontade de servir aos outros, na qualidade das explicações que dou aos alunos. Aparece em tudo.

   Então, queridos, o minimalismo vale a pena! No próximo post, vou escrever sobre como descobri, com o Dalai Lama, como comer muito pouco e me sentir muito bem. Não dá para fazer todo dia. Aplico um dia por semana. Mas no dia seguinte, aparece em tudo.

   Abraços!

Até agora, e contando

   Não tá fácil. Estou andando sem garrafas d'água e está calor. Está chegando o fim do semestre com os trabalhos de faculdade e estou tentando manter cinco horas de sono por noite, em geral ficando com sete e meia. Estou levando sanduíches de casa para almoçar, que são menos saborosos, mas mais saudáveis que os da lanchonete. Levo frutas para o lanche da manhã, que como ao cheiro dos salgados da cantina. Troquei o café pelos chás e pelos sucos, mesmo quando estou com sono, para tirar de corpo o vício de só acordar com cafeína. Estou caminhando muito mais (o que nem de longe quer dizer que estou caminhando muito) e escolhi justamente o verão para fazer isso.

   Enfim, o minimalismo está mostrando suas garras, e eu estou com vontade de agarrá-las e com medo de encarar a fera. Meu professor de flauta transversal disse esses dias, quando treinávamos uma música difícil para mim, que sou iniciante: "É, você estava achando que ia ser tudo fácil?". Sinto a Jéssica, do Minimal Student, dizendo isso para mim todos os dias, acompanhada pelos outros blogueiros que têm me ajudado bastante. E eu respondendo: "Estava sim! Crente, crente!".

   Eu achava que ia ser só manter a mesa arrumada, comer menos, caminhar mais, levar menos coisas na mochila. Sucintamente, achava que ia ser só ter menos e gastar menos. Isso também está sendo um desafio (já deixei de comprar cinco ou seis livros e alguns cafés por causa dessa parte), mas isso é de tudo o mais fácil. O mais difícil é a parte de brigar menos, falar menos, compartilhar menos. É o comportamento mesmo.

   É complicado racionalizar tudo o tempo inteiro. É difícil esvaziar a caixa de e-mails. É dolorido se desapegar de algumas coisas. É dolorido se desapegar de pessoas. Tê-las por perto, por prazer e vontade, mas sem precisar delas. Tudo isso é bom, mas é dolorido. Não porque machuque, não machuca. Você já fez uma aula de Educação Física longa e difícil? Já fez Yoga? É essa dor. Aquela dor de uma posição que exige força e na qual você permanece por mais tempo do que havia permanecido ontem. E o esforço dói. Você nunca tinha sentido aquela dor antes, porque é um músculo que nunca havia sido usado. Você não conhece essa dor, mas sabe que é a dor do desafio e que ela vale a pena tanto pelo presente quanto pela consequência futura. Mas nada disso anula o fato de que é uma dor, e você gostaria de sair da posição e ir logo para a parte do relaxamento.

   Só que com o minimalismo, o relaxamento pode demorar alguns anos para chegar.

   Falando desse jeito pode parecer que são só dores, lamentos e tristezas e o minimalismo não vale a pena. Não é isso, foi a melhor escolha que fiz nos últimos muitos anos. Desde que escolhi entrar para uma escola de Yoga (da qual eu já saí há uns anos também). Mas este artigo está muito comprido, eu vou encerrar por aqui e escrever outro logo acima, explicando a parte boa! ;)
   

Aprendendo com Sua Santidade, o Dalai Lama

   Depois de algum tempo procurando viver com minimalismo, esbarrei no livro A Arte da Felicidade, de Sua Santidade, o Dalai Lama. O li muito rapidamente, e preciso reler logo. Mas algumas coisas me encantaram. A simplicidade do raciocínio de Sua Santidade é espantosa, e demonstra uma vida de simplificação de princípios complexos e desafiadores tanto do ponto de vista filosófico quanto do espiritual e do político. Como todos sabemos, ele é o líder do governo Tibetano no exílio, ao mesmo tempo que é a referência máxima viva do budismo tibetano e também Prêmio Nobel da Paz.

   Terminando A Arte da Felicidade, que li em papel e não na edição que compartilho aqui, disponível gratuitamente online, fiquei com vontade de entender melhor o que o mestre budista dizia e compreender de forma um pouco mais aprofundada as referências que ele só cita rapidamente nesse livro. Por isso, fui atrás de outras obras do escritor, e descobri um livrinho de bolso barato e fácil de achar: Nas Minhas Palavras. O que o livro tem de barato e disponível, tem de difícil, de complexo e de interessante.

   Em A Arte da Felicidade, Sua Santidade explica que tudo o que todos os seres humanos desejam é que

sejam felizes e não sofram.

   A partir desta premissa, o líder espiritual traça longas explanações sobre como evitar o sofrimento e alcançar a felicidade. Segundo ele, satisfazer desejos materiais (de aquisição ou conquista física) só leva ao nascimento de novos desejos. Assim, a satisfação das vontades não é a chave para a felicidade. A extinção dos desejos e de sentimentos negativos, como a raiva e o ódio seria, sim, o verdadeiro caminho para uma vida leve e feliz.

   O porta-voz tibetano (minhas referências estão acabando) explica uma maneira simples de extinguir a raiva e o ódio: em nossa natureza mais fundamental, tudo o que queremos é alcançar a felicidade e não sofrer. Assim, quando alguém nos fizer algo que pareça ser negativo, na verdade esta pessoa está somente buscando, ainda que de forma errada, a felicidade. E está, em sua visão, evitando o sofrimento. Por esta pessoa ser igual a nós ela tem todo o direito de tentar ser feliz, e não devemos odiá-la por isso. Podemos não desejar que ela aja de certa forma conosco, mas odiar a pessoa é irracional e descabido.

   A outra proposta do Lama é que exercitemos a paciência e a tolerância. Ele nos diz que este é o caminho para a o desenvolvimento da compaixão que, por sua vez, leva à felicidade e à extinção do sofrimento. Para o mestre budista, não devemos nos enfurecer com as pessoas que nos atingem negativamente por dois motivos. Um deles é bastante filosófico, e o outro tem a ver com a crença oriental:

Primeiro, em vez de sentirmos raiva para com aqueles que a provocariam em nós, devemos ser-lhes gratos, já que essas pessoas nos dão a chance única e especial de praticar a paciência e a tolerância, e assim chegar à compaixão e à felicidade. Este é o primeiro motivo.

O segundo motivo de gratidão para com nossos ofensores é que eles nos ajudam a vencer o karma de vidas passadas, ou mesmo o desta vida. Por meio do exercício da paciência e da tolerância, desenvolvemo-nos espiritualmente e queimamos o karma que nos cabe, aumentando, assim, a chance de um nascimento mais auspicioso em uma próxima encarnação.

   É claro que está sendo um desafio, mas um desafio extremamente agradável. Eu ainda não consigo ser grato aos que me enfureceriam. Mas eles não me enfurecem mais. A técnica prática para isso? Quando você estiver a ponto de sentir raiva, ou achar que esse momento vai chegar logo, feche os olhos. Conte até vinte (estou sendo literal aqui, como ele foi. Um, dois, três... até vinte) e preste muita atenção na sua respiração. Lembre-se de que sentir raiva não te fará nenhum bem, fará mal à sua circulação, aos seus órgãos, à sua pele. Seu rosto se contorce, sua voz se altera e você perde o controle de sua mente. Lembre-se de tudo isso. Lembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. Lembre-se de que a pessoa que lhe provoca sentimentos negativos é, na verdade, um ser humano como você, e que tudo o que ela deseja é ser feliz e não sofrer, como você. Conte até vinte, respire, preste atenção na respiração, lembre-se de tudo isso. É difícil, mas não demora e nos sentimos melhor depois de conseguir. Vale a pena.

Um. Respire. Dois. Respire. Três. Lembre-se de que sentir raiva não te fará nenhum bem, fará mal à sua circulação, aos seus órgãos, à sua pele. QuatroSeu rosto se contorce, sua voz se altera e você perde o controle de sua mente. CincoLembre-se de tudo isso. SeisLembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. SeteLembre-se de que a pessoa que lhe provoca sentimentos negativos é, na verdade, um ser humano como você. OitoE que tudo o que ela deseja é ser feliz e não sofrer, como você. NoveRespire. DezRespire. OnzeLembre-se de que sentir raiva não te fará nenhum bem, fará mal à sua circulação, aos seus órgãos, à sua pele. DozeSeu rosto se contorce, sua voz se altera e você perde o controle de sua mente. TrezeLembre-se de tudo isso. QuatorzeLembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. QuinzeLembre-se de que a pessoa que lhe provoca sentimentos negativos é, na verdade, um ser humano como você. DezesseisE que tudo o que ela deseja é ser feliz e não sofrer, como você. DezesseteLembre-se também de que é bom e agradável exercitar a paciência, a tolerância e a compaixão. DezoitoTente sentir gratidão por esta pessoa lhe dar esta oportunidade. DezenoveTente de novo. VinteRespire e abra os olhos.

   Incrível como funciona, não é?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sou muito rico!


Vamos usar o nome certo?


Andando em São Paulo

   Todas as vezes que preciso ir a algum lugar que não conheço, anoto direitinho as partes do trajeto que terei de fazer a pé. Eu não dirijo, não gosto muito de carros (uso-os, em caronas, quando é muito tarde), não concordo com a construção de nenhuma rua se ela não tiver um corredor de ônibus incluído no projeto e não consigo ficar sério quando alguém diz: "Que trânsito peguei hoje!", porque penso que é o universo se vingando do motorista. Quando eu estou no carro e pego trânsito, não ligo, porque é o universo se vingando de mim, e eu mereço.
   
   Hoje, eu tinha de ir ao Congresso Saber, no Centro de Exposições Imigrantes. Eu acho que o mundo deveria se resumir a tudo o que fica a até seis quarteirões de distância de uma estação de metrô, mas o mundo ainda não me entendeu, então de vez em quando eu preciso caminhar. Por isso, voltando, quando vou a algum lugar que não conheço, anoto direitinho o trecho que terei de fazer a pé. Quando vou pedir informações, as pessoas invariavelmente dizem "você vira ali e pega o ônibus tal e tal, em dois minutos você está lá". Aí eu digo: "Não, não, eu vou a pé, como faço pra chegar?". Aí me dizem: "A pé? É longe hein?". E eu digo: "Eu vi no mapa, gosto de andar... Você pode me explicar como chego?".

   Assim, por escrito, parece rude. Ao vivo é mais delicado. Mas não muito. Eu quero que entendam que eu vou a pé, e pronto. Em algum momento, as pessoas indicam o caminho para mim. Mas eu carrego comigo o mapa, e sigo repetindo, como mantra: "Confie nas suas pernas, Gabriel. Não nas rodas dos outros. Confie nas suas pernas".

   Em ônibus a gente perde o ponto, o cobrador não sabe indicar nada e tem gente ouvindo funk (que, na minha opinião, é outro erro do mundo, mas né...). A pé tem carros, fumaça... Mas há passarinhos, vento, folhas, um pouquinho de sujeira e algumas paisagens bem bonitas!

   Enfim, fui ao Congresso. O caminho era: Casa >> Ônibus >> Caminhada >> Congresso. E na volta, o oposto. O problema era que a caminhada da volta seria feita à noite, e por mais que eu goste das caminhadas, por mais que eu goste de andar em ruas que não conheço, fazer isso à noite não é legal, especialmente se as ruas são escuras. E essas eram. Assim, eu me concedi o gasto de um táxi. Planejei e pensei: Ok, saindo de lá eu pego um táxi até o local onde posso pegar o ônibus para casa.

   Qual não foi minha surpresa quando descobri, saindo do evento, que havia uma van para me levar até uma estação de metrô, de onde eu poderia vir para casa? Isso, queridos, é o universo cooperando comigo! E ele coopera sempre, com todo mundo que anda a pé por opção, e sem xingar os buracos da calçada. Quem anda a pé por opção sabe andar a pé. Quem anda a pé só quando precisa é como quem dirige só em emergências: provoca acidentes.

sábado, 15 de setembro de 2012

Frutas, Castanhas e Siddhartha

   "Sei pensar, sei esperar, sei jejuar" - estas são as três habilidades que Siddhartha, personagem de Hermann Hess gaba-se de ter. Diante da beleza da obra e da grandeza da personagem, minha impressão é de que, apesar dos trabalhos de fim de semestre, das horas nas salas de espera,  e dos meus dias de frutas e castanhas, "Não sei pensar, não sei esperar, não sei jejuar".

   Para Siddhartha, pensar só é possível quando não buscamos mais, esperar só é possível quando não temos nada a perder, e jejuar só é possível quando não temos medo de não ter o que comer - e este medo só some com o jejum, que também ajuda a não ter nada a perder, que por sua vez ajuda a parar de buscar formas de ganhar. Tudo, portanto, começa com o jejum.

   Hoje, passei o dia com frutas, castanhas, água e chá. Agora à noite tomarei também suco. Fora isso, passei o dia lendo Sidarta, a versão em português do livro de Herman Hesse, escritor Prêmio Nobel de Literatura que, de acordo com Carpeaux, passou a vida a escrever histórias de rebeldes.

   Comendo abacaxi, bebendo água e lendo um livro em papel de pernas cruzadas sobre a minha cama eu me senti um rebelde. A Miss Minimalist diz que o minimalismo é uma forma de rebeldia. Conseguir comer peras em vez de chocolate, beber chá em vez de suco de garrafa e ler um livro inteiro, em vez de horas na internet ou mesmo algo no meu (querido) iPad é uma forma de rebeldia.

   Não estou aqui dizendo para carregarmos faixas imensas e brancas com letras em cinza claro dizendo "MINIMALISMO". Não. Mas devo confessar que é agradável, por um dia na semana, pensar que "estou fazendo minha parte"...

   PS: Abacaxi com amêndoas é uma delícia. Mas ainda falta bastante para eu conseguir jejuar.
   Dicas? 

A comida e os problemas da comida

...e as soluções da comida.


   Ontem foi aniversário de uma amiga super querida, e a comemoração foi em um restaurante mexicano super gostoso aqui de São Paulo. Eu já sabia que minha tendência seria comer bastante, especialmente porque eu estava com bastante fome antes de ir. Mas eu também sabia que a comida não seria nada saudável e que eu iria ingerir muito mais gordura e muito mais sódio do que eu precisava. Então, pensei: "Ok, eu paro em algum lugar, como uma salada de frutas, tomo uma vitamina e vou, sem tanta fome". Fiz isso, e até deu certo.

   Chegando no restaurante, eu realmente comi pouco de início e me dei por satisfeito (e feliz) rápido. Escolhi as coisas mais gostosas dentre aquilo que pedimos, comi um pouquinho de cada, repeti o que mais gostei (entenda-se: comi três bolinhos de um determinado sabor, em vez de um só) e estava bem. Pedi um suco de framboesa e ele valeu a minha noite, estava delicioso.

   Mas aí as pessoas começaram a pedir lanches individuais, e eu pensava: "Mas minha nossa, já comemos tão bem nas porções em grupo"... e começaram a dividir entre si, e me ofereceram... e eu aceitei. Foi aí que meus planos belíssimos foram por água abaixo.

   Eu comi muito mais do que previa, e embora estivesse realmente muito gostoso, lá dentro de mim eu dizia, sem culpa, mas com consciência: "Poxa, Gá, não precisava comer tanto! Você tava bem!". Mas comi bastante. E voltei para casa pesado, pela fermentação de tudo aquilo de queijo, massa e pimenta dentro de mim.

   Hoje é meu dia de comer só frutas. Um dia por semana como só frutas, castanhas e bebo chá, sucos e água - isso vem de antes do minimalismo. Por sorte calhou de ser o dia seguinte ao banquete. Então aprendi uma coisa boa:

Pegar pesado na comida não é legal. Depois de uma semana comendo direitinho, pegar pesado pesou. Evitarei fazer isso da próxima vez, mas não adianta sentir culpa por ter comido muito ontem: foi gostoso, além de comer muito, conversei muito, ri muito e me diverti muito, e tudo isso faz muito bem. Hoje, como minhas frutas e minhas castanhas e amanhã estou novo em folha para voltar a comer de forma equilibrada.


   A todos, um excelente final de semana, com comidas gostosas e muita risada!


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Minimalismo e Montessori

   Eu já disse em um post anterior que meu maior foco de estudo e trabalho é o Método Montessori. Quando comecei a ler sobre minimalismo, pensei: puxa, se existisse um método de ensino minimalista ia ser incrível! Já pensou? O professor só falar o suficiente, não atrapalhar o raciocínio dos alunos com muitas palavras, levar todas as imagens necessárias, mas sem uma overdose de ilustrações que possa confundir. Uma sala com um mínimo de carteiras, grandes e bonitas, e com muito espaço livre, num ambiente agradável aos olhos, leve e em que tudo fosse útil... Seria incrível, não?

   No parágrafo acima, eu acabei de descrever o método Montessori. Em Montessori, o professor fala muito pouco, e somente o necessário. Todas as palavras que ele pronuncia são úteis e detalhes não saem de sua boca, pois percebemos que detalhes confundem. Poucas e boas palavras realmente ensinam. Existem muitos materiais, muitos mesmo, mais de uma centena. Mas todos são belos, de cores suaves e, mais importante, todos ensinam.

   A sala montessoriana é grande sempre. Mas há poucas mesas e muito chão livre. Neste chão os alunos estendem tapetes e trabalham com os materiais em quase silêncio e com todo o tempo que precisarem. Não há figuras de desenhos animados ou quadrinhos nas paredes, e em vez delas encontramos belíssimas reproduções de quadros importantes da nossa cultura colocados com um bom espaço entre um e outro, para que os olhos da criança não fiquem nunca cansados.

   Há amplas janelas em qualquer ambiente montessoriano. Deve haver muita luz, muito ar fresco. As crianças em um ambiente assim são deixadas em liberdade e por isso são tranquilas, alegres, sorriem bastante, sabem conversar, são muito educadas e até aprendem a ler mais cedo!

   Engana-se, no entanto, quem acha que tudo isso é feito para que as crianças aprendam mais e mais cedo. Não. É justamente porque elas gostam de aprender deste jeito que nós montamos a sala desta forma e nos comportamos assim. Elas nos mostram como aprendem melhor, e nós modificamos a sala e o comportamento para satisfazer a natureza delas. Elas agem, nós observamos. Elas falam, nós escutamos. Elas trabalham (bom, nós também, e muito, mas principalmente) nós organizamos o ambiente de trabalho delas.

   Talvez por ter sido educado em uma escola Montessori e ter feito deste método o foco da minha vida, eu tenha achado tão simples e agradável o estilo de vida minimalista. Eu já conhecia o método de ensino minimalista, só não sabia que o nome dele começava justamente com m.

A água, a comida e eu

   Eu como bastante, e bebo muita água. Quando comecei a ler sobre minimalismo e descobri que ele se aplicava também à comida e à água, tive que enfrentar meus instintos e descobrir como comer só o necessário e gastar menos em águas embaladas.

Nem uma das duas soluções foi muito difícil.

   Para a comida, passei a comer um pouco melhor no café da manhã, o que me ajuda a não precisar de comida com carboidrato no meio da manhã, e aí eu posso tomar um suco e comer uma fruta, que trago de casa para a universidade. No almoço fazia tempo que eu comia mais sanduíches do que comida. Continuo com o mesmo plano (mais por uma questão de tempo do que de saúde), mas agora trago o sanduíche de casa, em vez de comprá-lo embalado na lanchonete. Sinto-me bem melhor. No jantar, eu como comida. Sei que não é a melhor das opções, mas eu gosto de um prato quente e à noite é quando posso parar por um tempo agradável e comer um. Encontrei uma boa alternativa: como carne somente em uma das três refeições, frutas em todas e muita salada antes de fazer o prato quente, à noite. Quando estamos satisfeitos, montamos pratos menores.

Dica:
Depois do jantar, eu tomo uma xícara de chá grande e quente, primeiro porque aumenta a sensação de saciedade, me impedindo de comer mais do que devo, e segundo porque ajuda a digerir a comida, pela temperatura. Também, o chá tranquiliza (desde que não seja chá preto) e eu durmo mais fácil.

   Quanto à água, comecei a me preocupar quando assisti "A História da Garrafa d'Água" e aprendi que bebemos água em garrafas não porque ela seja mais saudável, mas porque somos condicionados a pensar que sim e porque a preguiça nos ajuda a pensar que isso é mais prático.

   Inicialmente, pensei: mas poxa, eu vou ter que mudar até meu jeito de beber água? Que exagero! Mas aprendi que não é exagero nenhum. Uma garrafa d'água barata custa R$1,50 e uma garrafinha de metal ou plástico durável para você encher sempre que quiser custa uns R$12,00. Eu comprava uma garrafinha d'água a cada dois dias. Isso quer dizer que em duas semanas, mais ou menos, a garrafinha durável se paga, e depois disso você só estará gastando cada vez menos e contribuindo para a diminuição da exploração do que é um direito básico: a água potável. E isso, claro, sem contar todos os aspectos ambientais da mudança.

Dica:
A água da maior parte das grandes cidades é potável na torneira e eu já tomava água da torneira o dia inteiro, além da que vinha na garrafa plástica. Então, eu só tirei a parte de comprar plástico a cada dois dias.

   Eu nem estou com a garrafa durável por enquanto. Estou bebendo em bebedouros, torneiras e filtros. Está dando tudo certo e eu estou sem sede. O que aconteceu de mais agradável foi que parei de tomar água quente por ficar exposta ao sol nas minhas caminhadas e passei a tomar sempre água fresca!


  

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dormindo oito horas por dia

   A Jéssica, do Minimal Student explica que ter o mínimo é ter exatamente o que você precisa para se sentir bem. Não mais e, especialmente, não menos.

   Pois então, eu estava tendo menos de uma coisa muito especial: tempo. E eu acho que você talvez tenha menos também, porque bem mais da metade dos meus amigos de todo dia dizem que a vida seria melhor se eles tivessem 26, 30, 48 horas por dia. Eu realmente achava isso até dois dias atrás (e sabe-se lá se não voltarei a ter esta opinião), mas por enquanto acho que vinte e quatro horas são mais que suficientes. Eu gasto duas horas por dia para comer, devagar. Mais uma hora no banheiro, entre barba, dentes, vaso, box e vaidade. Cerca de seis a sete horas por dia estão em função da universidade e mais ou menos cinco em função da escola. Puxa, sobra-me uma hora! Sim, mas não, porque eu gasto uns 15 ou 20 minutos a menos em todas essas tarefas, vez ou outra, e acabam sobrando duas. Talvez seja milagre.

   Com duas horas, eu tenho tempo para ler uma ou duas coisas online (em papel eu leio no ônibus e no metrô, e também aos finais de semana, em larguíssima escala), ficar por uns 20 minutos no Facebook e no meu e-mail e escrever alguma coisinha rápida (um post ou um pedaço de trabalho para a faculdade). Enfim, dá tempo.

   Em seguida, eu vou para a cama e durmo oito horas por dia. Vai ter dia em que não vou conseguir, mas eles precisam ser a exceção, e não a regra. A regra precisa ser eu ter exatamente o que preciso para me sentir bem.

   Com isso, eu consigo, também, diminuir a quantidade de café e chicletes que uso (uso, mesmo, como drogas em geral), e aumentar a qualidade da minha dieta e das xícaras de chá!

   Eu não sei se chegando o final do semestre isso vai continuar funcionando. Mas outra coisa que estou tentando aprender é que vale mais a pena viver bem o presente do que se preocupar em viver mal o futuro. Por enquanto, estou me sentindo melhor, e acho que em novembro estarei mais treinado e, quem sabe, conseguirei manter pelo menos umas sete horinhas em dias mais ocupados.

   Boa noite, e até daqui oito horas e dez minutos (nos quais eu ficarei longe da tela, para conseguir relaxar meus olhos e dormir às 22h)!

Aceitando o desafio - Como arrumar sua mesa

  Quando li "ter menos coisas" e olhei em volta, havia dois problemas maiores: a mesa do meu quarto e minha biblioteca iniciante. Eu não tenho muitas coisas, eu acumulo muitas coisas (ou eu acumulava, vamos ver). As primeiras providências a tomar eram, então, esvaziar a mesa e doar livros.

  Eu já havia esvaziado minha mesa antes, e tudo voltou para cima dela depois. Mas eu não tinha feito nenhuma doação considerável de livros. Por isso, eu precisava de dicas sobre como fazer a primeira coisa, mas queria tentar por mim mesmo fazer a segunda. Para a mesa, eu encontrei dicas aqui, só que em inglês, então, como há três dias está funcionando, repasso bem resumidamente os passos para arrumar e manter arrumado:


1. Tire tudo da sua mesa - tudo.
2. Examine tudo: cada clips, cada caneta, cada folhinha pequena de papel.
3. Aquilo que você não vai usar, jogue no lixo agora.
4. Aquilo que você não vai usar, jogue no lixo agora (entendeu desta vez? Não espere a arrumação terminar. Jogue agora, assim que você encontrar a folhinha).
5. Tudo aquilo que você não vai usar logo, coloque em uma pastinha ou arquive organizadamente.
6. Coloque em cima da mesa só o que vai ser usado sempre e logo.


   Quando você chegar em casa, todo dia, olhe para sua mesa, veja o que você não vai usar e jogue fora. Não deixe lixo para jogar depois, não deixe nada para guardar na manhã seguinte (essa é a parte mais difícil para mim. Mas eu sei que não vou guardar na manhã seguinte).

   Para os livros, no primeiro dia eu doei tudo que consegui levar para a faculdade. Algo como 20 ou 25 livros em bom estado. Mas isso aconteceu porque eu tenho livros demais, e doar vários é algo fácil, além de não me deixar achando que estou com uma biblioteca menor ou menos completa. Depois, estou doando menos livros agora, uns três ou quatro por dia, até que eu fique com uma biblioteca realmente essencial, com aquilo que eu vou ler um dia, e não com tudo o que seria legal ler um dia.

   Estou tendo uma dupla sensação de alegria: ver minha mesa livre de entulho, e ver 25 livros que foram de avós, depois de pais e depois meus indo embora nas mãos de pessoas que eu sei que vão ler tudinho, em quinze minutos.

   Então, ficaram duas coisas para mim, por enquanto: limpe e doe. Funciona.

Começando

  Meu nome é Gabriel, eu estudo Letras, gosto muito de contos dos escritores célebres, romances best-seller e livros não-ficcionais sobre educação e saúde mental. Dos últimos, gosto especialmente quando têm uma boa introdução. Eu pesquiso, escrevo sobre e trabalho com o Método Montessori, então esse é o foco da minha vida. Aqui, contarei como está sendo minha experiência em direção de me tornar alguém mais minimalista (e eu também encontrei a ironia).

  Há dois dias descobri o blog Minimal Student (MS), depois de visitar o Zen Habits (ZH) e procurar no Google algo sobre "minimalismo" mais próximo da minha realidade de estudante e professor. Passei os últimos dois dias lendo o MS e me apaixonei pela ideia. Assim, resolvi aos poucos e de forma agradável, me esforçar por ter uma vida mínima (eu vou usar mínima, mais que minimalista, porque acho minimalista grande e pomposo demais em português - em inglês, no MS e no ZH, fica leve).

  Duas perguntas talvez apareçam: O que é minimalismo? e Por que você resolveu escrever sobre algo que você não conhece?. Duas respostas, então:

1. Minimalismo, pelo que eu entendi até agora, é viver com menos. Menos posses, menos ocupações, menos stress, menos problemas, menos. E parece leve e agradável. Também é comer menos, comprar menos, gastar menos, se preocupar menos. Eu ainda não sei, mas acho que o único mais do mínimalismo se aplica ao bem estar. Vamos descobrir juntos. Segundo a Jéssica, do MS, ser minimalista é ter/fazer/gastar/comer o suficiente para se sentir bem - e só.

2. Eu comecei a escrever sobre o que não conheço porque não achei nada em português (e quem conhece meu trabalho no Lar Montessori vai descobrir que esse é meu motivo para mais de uma coisa na vida). Mas não foi só por isso. Foi porque eu queria escrever um diário sobre este processo, e acho gostoso quando diários são lidos, então resolvi escrever um diário para os outros lerem. Mas não foi só por isso também. Eu acho que ler sobre como está sendo para alguém tornar-se minimalista pode incentivar outras pessoas a se tornarem minimalistas também, ou pelo menos vai ter gente para conversar.

  Pronto. No próximo post, eu conto como foram meus dois primeiros dias mínimos.